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Não do tipo que aparece na TV em horário nobre, apesar de eu de fato ter aparecido na Globo. Também não fiquei famoso do tipo que ganha milhares de seguidores nas redes sociais e logo depois encara uma harmonização facial, mas realmente fui visto por mais gente do que jamais pretendi.


Vou poupar vocês da história longa: eu twittei, viralizei da noite para o dia, um monte de gente quis me entrevistar, apareci na TV e encerrei minha carreira televisiva por aí mesmo, que nem a Ana Paula Arósio. Ganhei um dinheiro antes, claro, pois infelizmente ainda amo ganhar dinheiro. A Ana Paula Arósio com certeza vive de luz do sol e alecrim colhido na horta artesanal da fazenda dela.

Tudo começou com essa thread. Se você está aqui hoje, é bem provável que seja por causa dela. Se você não me conhecia durante esse surto coletivo, bem vindo a 2019!


Nunca que eu ia imaginar que essa história simples causaria tanta comoção. Como o Twitter opera ainda é um mistério pra mim. O que viraliza viraliza porque Deus quis, todos que já tentaram reproduzir um viral ou meme falharam de forma constrangedora, mas essa thread explodiu. Os números não mentem.

~ O INÍCIO

Recebi uma ENXURRADA de mensagens, e todo mundo marcava dois ou três amigos pra verem também. Um MONTE de gente resolveu me contar suas próprias histórias surreais com ônibus e grupos de whatsapp, e a thread se retroalimentou assim por mais de uma semana. Meu celular não parava de tremer! Gente famosa me deu RT! Gente famosa DE VERDADE tipo, sei lá, Camila Pitanga? O Padre Fábio de Melo? Aquele cara que eu não sei o nome, mas vocês sabem porque ele atua no Choque de Cultura? Fiquei besta. Do Twitter foi parar no Facebook, no LDRV, e viralizou por lá também. Levaram pro Instagram. Começou a circular no whatsapp. Minha família ficou sabendo e nem foi eu quem contei. Meu chefe ficou sabendo, só Deus sabe como.


Muita gente ficou deslumbrada clamando por um grupo de whatsapp da sua própria linha de ônibus e muitas ficaram espantadas quando descobriram que já existem há anos. Os grupos são tão secretos que você só descobre com um bom social no transporte público. Não dá bom dia pro motorista? Já está barrado do grupo. Chegou idoso e você finge que está dormindo pra não levantar? Bloqueado. 

~ OS JORNAIS

Chegou a fase 2 do sucesso e, juro pra vocês, mais de uma DÚZIA de jornalistas começou a me ligar e mandar mensagens. Todos os portais de notícia que existem, e até uns que não existiam, entraram em contato comigo. A coisa ficou tão surreal que alguns jornalistas chegavam em mim assim "Então, Felipe, fiquei sabendo que você tem uma proposta para a melhoria do transporte público nacional, como funciona?" ou então "Oi, Felipe, estamos muito interessados em saber o seu lado nessa revolução que você vem causando na mobilidade urbana".

E eu só twittei sobre zap zap, pelo amor de Deus.

Acho que minha ficha só caiu de verdade quando rolou entrevista pra TV. Isso e o texto para o The Intercept.

SIM, VADIA, EU TENHO UM TEXTO NO THE INTERCEPT BRASIL.

Assim... Gente... Eu... Felipe Fagundes... Eu faço piada no Twitter... Às vezes me excedo e faço piada de pum... E mesmo assim o Intercept me pagou para escrever.

Eu nunca tinha sido pago para escrever. 

Mas a editora deles chegou em mim dizendo que eles adorariam ter essa história no site e, pelo que tinha visto na thread, "deu pra perceber que você manja de escrita e de contar histórias". UMA PESSOA QUE EDITA UM SITE JORNALÍSTICO PERFEITO DISSE QUE EU SEI ESCREVER. Quem discorda nem precisa fingir, pois a opinião de vocês é automaticamente inválida. Ela disse que eu podia escrever do meu jeitinho, o que me deixou meio preocupado, porque assim... Nesse blog e no Twitter eu conto meus micos e causos medianos pra fazer gente boba que nem eu rir. Se vocês entrarem no The Intercept Brasil a qualquer hora do dia, eu garanto que na página principal vai ter uma matéria sobre um escândalo político. Ou o fogo na Amazônia. Ou um texto muito triste e verídico sobre o sofrimento de minorias. Não é um site humorístico. O Brasil realmente não nos dá muitos motivos para sorrir.

Então o que você foi fazer lá, Felipe? 

Não sei, gente, ainda acho que foi um delírio coletivo deles. Mas tenho provas de que realmente aconteceu:


E olha que coisa linda a minha bio no site:



Lembro que enquanto eu tentava deixar o texto o mais engraçadinho possível, a editora vinha "Nossa, Felipe, muito bom, não esquece de falar também do descaso do governo com o transporte público e a negligência política com a mobilidade urbana". E eu:" ........................... claro, já vou falar SOCORRO".

~ EU NA TV

As entrevistas na TV foram um caso à parte.

Teve essa no Encontro com Fátima, em que eu em pânico tentei evitar contato visual com a câmera, mas não consegui fugir.



Na do Balanço Geral, eles perguntaram minha profissão e na hora me pareceu melhor dizer "organizador de clubes do livro". Mas na TV saiu isso:



ESSA PROFISSÃO NEM EXISTE. EM NENHUM MOMENTO FALEI ISSO. Mas amei.


~ TRÊS ANOS DEPOIS

Isso foi em Maio de 2019 e ainda HOJE tem gente compartilhando os prints no Facebook (literalmente hoje uma amiga veio me mostrar: olha, Felipe, é você!). Todo mês chegam likes e RTs nessa thread e, enquanto ônibus e whatsapp existirem, creio que ela jamais morrerá.

***

Eu realmente precisava registrar minha meia hora de fama nesse blog, e meu trabalho está feito. Quando eu estiver triste achando que ninguém tem interesse em ler o que eu escrevo (acontece muito), vou dar dois tapas na minha cara e dizer sossega, bicha, você tá no Intercept.

PS: Esse texto é uma versão revisada e atualizada do que antes foi publicado no meu falecido blog pessoal, o Não Sei Lidar.

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Escrever é minha segunda coisa favorita, porque a primeira é falar. Então, quando o Willians Glauber me chamou para participar de um episódio do "Louca, porém, Saudável", eu aceitei super animado. E o episódio acabou de sair!

Podcast LOUCA PORÉM SAUDÁVEL, episódio 5, temporada 1

O Louca é um podcast novinho em folha, absurdamente bem produzido pelo Willians, sobre saúde de uma forma geral. Saúde mental, financeira, intelectual, espiritual, etc. O Willians, que é jornalista, entrevista um amigo no primeiro bloco (que foi onde participei) e depois um especialista falando sobre o mesmo assunto. Os episódios duram menos de meia hora, o tamanho perfeito para uma conversa objetiva, interessante e divertida.

Episódio: "Afinal, as redes sociais fazem mal a saúde?"

Frase: "Acho muito legal estar presente, mas não do jeito que a rede social quer que eu esteja"

Nesse episódio, eu fui chamado pra conversar sobre a minha relação com as redes sociais! Quem me conhece sabe que ando numa jornada de ficar mais offline e foi disso que falei lá, um dos meus assuntos favoritos. É o episódio 5, que pode ser ouvido no Spotify e em outras plataformas também.

(Para quem não é de podcast, já publiquei aqui no blog um texto contando a mesmíssima experiência que comentei no episódio: Você escolheu estar online agora?)

Achei chiquérrimo participar!

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