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As crianças imploram muito para irem ao cinema assistir “O Cãozinho Felisberto”, uma animação sobre um cachorro que quer aprender a voar. Ester é forçada a fingir desmaio para gerar comoção e eles conseguirem furar a fila da pipoca. O fiscal pergunta se Diego é pai das crianças, e Gabriel responde “Não, moço, ele é nosso gay”. Miguel derruba sem querer o baldão de pipoca no chão antes da sessão começar, mas põe tudo de volta sem ninguém ver, já que o chão tá bem limpinho. Assim que o filme começa, meia dúzia de crianças de seis anos de idade sentadas atrás de Diego reclamam que ele tem um cabeção. Diego arranca o celular da mão de uma mulher gravando stories na fileira da frente, desliga e devolve pra ela. Felisberto se escangalha todo tentando voar de lugares cada vez mais altos, e Gabriel comenta que não é assim que se voa. “Como que se voa, Gabriel?”. “Igual todos os espíritos, ué. Tem que morrer primeiro, tio, depois a alma fica levinha”. Diego fica profundamente impactado com o drama visceral de “O Cãozinho Felisberto”. As crianças gargalham com todas as piadas sobre pum de cachorro. Diego se torna uma das oito pessoas no mundo com mais de vinte e cinco anos a dar cinco estrelas e favoritar o filme no Letterboxd. Ester é esquecida na sala de cinema e acaba ficando para a sessão seguinte de “O Cãozinho Felisberto”.


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As crianças entrevistam Hugo Flores:

Miguel

— É verdade que você vai beijar outro homem na boca? [sorriso travesso]
— Ah, o João… [encabulado] A gente tá se conhecendo ainda.
— Mais um viadinho igual meu tio [olhos brilhando] Eu acho tão lindo.
— …
— Esse João é bonitão ou é mais assim que nem você?

Ester

— …
— …
— …
— Acho que você tem que me perguntar alguma coisa.
— É que eu não gosto de falar com gente estranha.
— …
— …

Gabriel

— Em qual dia da semana você prefere morrer?
— A-acho que eu prefiro não morrer?
— Mas você vai [certeza diabólica]
— [em choque] 
— Um dia! Igual a toooodo mundo. Não é legal?
— Onde que arrumaram essas crianças, meu Deus?



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Ester reclama que não tem nada de bom para assistir na TV depois de Diego assinar o quinto streaming para fazer a menina feliz. Diego pensa numa forma mais educada de dizer que tem gente que quer o cu e ainda quer raspado.

— Hoje em dia vocês crianças têm tudo de mão beijada, no meu tempo não era assim não.
— Não tinham inventado a televisão quando você nasceu?
— Tinham, né.
— Já existia sorvete?
— Já, Ester.
— As crianças tinham que trabalhar que nem adulto?
— Não…
— Hum.
— Criança via o que tava passando na TV, não podia escolher. Não existia wifi na casa das pessoas.
— Não é tão ruim assim.
— Nem pix! Ninguém fazia pix.
— Dá pra viver sem pix.
— Não tinha iFood, tá? A gente tinha que ligar pra pizzaria.
— Mas era você criança que ligava?
— Não…
— Podia ser pior então.
— …
— …
— Tinha rinha de criança.
— Hã?
— Isso mesmo. Cada família tinha que escolher um dos filhos pra lutar na arena, ninguém voltava.
— Mas como você e meu pai estão vivos então?
— Você nunca ouviu falar do seu tio Marcelino, né?
— Eu não tenho um tio Marcelino.
— Pois é, você tinha.
— E quem vencia ganhava o quê?
— Um saquinho de jujuba. Mas, assim que o Lula foi eleito, o PT achou melhor só vender no mercado mesmo. Mais prático, né.
— Meu Deus.
— Já te contei que se arrancava os dentes das crianças todos de uma vez? Já ia cair tudo mesmo, né.



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