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É isso, gente, 2022 acabou. Todo mundo largando os livros! Mão pra cima! Quem não leu não lê mais. Se até agora essa leitura aí não deslanchou, não vai ser nos últimos segundos do ano que vai rolar, quando nossa mente se transforma em geleca à espera de um recomeço. Eu geralmente espero o ano acabar para fazer minha lista de Melhores Livros do Ano, porque nunca se sabe se o livro perfeito vai aparecer, mas esse ano eu sei. Chega. Vamos parar de se iludir.


Em 2022 eu li 42 histórias, entre romances, contos e novelas. 3 a mais que no ano passado! Do total, 30 foram livros nacionais e eu me orgulho demais disso, até porque não fiz esforço nenhum pra que isso acontecesse. Simplesmente li o que quis, o que tinha a ver comigo. Foram bem poucos os livros que não gostei, e isso deveria ter tornado meu trabalho aqui muito difícil, mas esse também foi um ano de poucas paixões literárias. Eu de fato gostei de muitas histórias, mas AMAR MESMO foram meia dúzia, e é essa meia dúzia que quero compartilhar com vocês.

Quem me acompanha em outras redes sociais vai ter pouquíssimas surpresas, porque quando eu AMO um livro eu falo dele até cansar, mas, vamos lá, todo mundo anotando pra ser feliz em 2023.

Em ordem cronológica de leitura, VAMOS AOS MELHORES DO ANO!

(Ah! Todos os links pra Amazon nesse texto são do programa de afiliados, o que significa que eu ganho comissão se vocês comprarem qualquer coisa através deles)

NOSSO LUGAR ENTRE COMETAS (FERNANDA NIA)

Eu paguei muita língua com esse livro porque vivo dizendo que ficção adolescente não me toca mais. Bom, parece que EU MENTI. Nessa história, 3 adolescentes anseiam pelo autógrafo da autora internacional favorita deles num evento gigante estilo Bienal do Livro. Só quem já tentou pegar o autógrafo de uma Cassandra Clare, Colleen Hoover, John Green da vida sabe o CAOS que é. Apesar dos planos mirabolantes, esse livro é carregado inteirinho pelos protagonistas e seus dramas, conflitos e personalidades peculiares. Claro que eu amei porque esse livro também é uma comédia, com piadas muito bem escritas. Sério, gente, O PRAZER de ler piadas tão bem articuladas. Eu chorei de rir, chorei de emoção, gritei de tanta fofura. Eu indico muito pra quem ama histórias sobre amor aos livros. Confesso que, mesmo sendo um leitor assíduo, eu acho esse tema super cafona, mas aqui em Nosso Lugar Entre Cometas eu tomei um safanão na cara que só uma história boa poderia me dar. Bem feito.

A ESTRADA INFINITA (DENYS SCHMITT)

E lá fui eu ler mais uma ficção adolescente porque claramente já tinha perdido todo o controle da minha vida. Gente. Não é só a capa que é de milhões. Esse novelinha é bonita por dentro. Dois meninos precisam defender uma estrada no Rio Grande do Sul, mas eles fazem isso de um jeito tão poético. E eu nem sou fã de poesia. É sensível, fofo, divertido. E o que eu mais gosto é que o livro é simplesmente econômico. Não é aquela poesia voa voa andorinha voa e vai buscar eu ser que usa 5 linhas pra descrever uma árvore. A Estrada Infinita não desperdiça palavras, não desperdiça frases nem tem cenas em vão. Tudo está ali por algum motivo e os diálogos são retomados nos momentos certos, nada fica para trás. Esse aqui eu realmente indico pra todo mundo, são 68 páginas universais.

TODAS AS MENTIRAS QUE EU NUNCA QUIS CONTAR (ARIEL F. HITZ)

Da lista inteira, esse é o único livro que foi de fato lançado em 2022, para vocês verem como estou ligadinho com as tendências. Eu sinceramente não sei bem o que fui fazer no Tiktok. Vocês sabem que eu amo personagens LGBT+ adultos vivendo dramas familiares, e esse aqui entrega demais. Paulo é filho de um serial killer que já está na cadeia, mas sua vida é afetada quando seu pai se mata na prisão. A imprensa vai com tudo pra cima de Paulo, ressuscitando os boatos infundados de que Paulo colaborava com o pai nos assassinatos. Tudo ainda é mais dolorido porque os jornalistas não respeitam o fato de Paulo ser um homem trans. Sério, gente, eu nunca tinha parado para pensar em como vive a família de um serial killer. O livro é poético, sensível e merecia estar em todas as livrarias do Brasil.

PIRANESI (SUSANNA CLARKE)

Único internacional da lista, esse livro foi uma gratíssima surpresa. A capa não diz nada. A sinopse também não. Eu achava que era a história de um fauno, sei lá, uma vibe meio As Crônicas de Nárnia. Eu mal sei dizer se esse livro é realmente uma fantasia. A maioria das pessoas diz que sim, mas eu acho que discordo. Piranesi tem um suspense tão poderoso que é um prazer virar as páginas enquanto ele se desenrola e a fantasia vai assumindo contornos que a gente nunca imaginou. É a história de um homem - 100% humano, 0% fauno - que vive sozinho num mundo peculiar e se dedica a documentá-lo. As coisas começam a ficar estranhas quando eventos e elementos surgem nesse mundo e parecem não fazer sentido com tudo o que ele já conhecia. Eu acho que fãs de fantasia se frustram um pouquinho. Mas o livro dá um show para fãs de um bom suspense. A edição física é LINDÍSSIMA.

A MARIANA ERRADA (JULIA BRAGA)

Gente, é isso, eu amo ficções adolescentes, essa é a verdade. Eu fico ligeiramente incomodado quando falam que YA de romance é "livro bobinho" porque esse aqui é um livro de humor finíssimo. O quanto eu ri com a rivalidade dessas duas! Além disso, as piadas e as referências estão todas onde deveriam estar. Nesse livro, duas meninas, arqui-inimigas uma da outra, são algemadas por engano numa festa junina. Lógico que é um romance, graças a Deus. A Mariana Errada acerta em tantos pontos que já teve seus direitos comprados para virar filme. Ansioso pra ver na TV!

***

Hora de distribuir os troféus dessa newsletter e vai ter bicampeonato, gente. NÃO HÁ COMO eu não entregar o troféu de PESSOA DO ANO novamente pro Vitor Martins. Reizinho pra sempre dominando nossos corações. 

Eu acabei de ler esses dias Se a casa 8 falasse, um livro onde uma casa muito bem-humorada narra a vida dos moradores, que, além de ser divertido, FOI FINALISTA DO JABUTI. SIM. UM LIVRO YA NO JABUTI. UM LIVRO LGBT+. JOVEM. NO FUCKING PRÊMIO JABUTI. Eu nunca imaginei que essa possibilidade existisse. Eu venho de uma realidade, de uma bolha de escritores, em que nossos livros sempre aparecem nas votações de, sei lá, da revista Capricho, mas nunca na lista dos indicados aos prêmios mais badalados do meio literário. O JABUTI, GENTE. O Vitor foi lá e fez. Eu mal tenho palavras. Isso abre porta pra tanta gente tentar também! E quem sabe até vencer. Se a casa 8 falasse não chegou a levar o prêmio, mas todo mundo sabe que ser finalista do Jabuti já é sinônimo de vencer na vida. ORGULHO DEMAIS!

***

Agora, gente, o livro do ano. Eu já indiquei esse livro tantas vezes desde que o li em abril que é impossível eu não me repetir.

NINGUÉM MORRE SEM SER ANUNCIADO (PAULA GOMES)

Caramba, Paula Gomes INVENTOU a escrita criativa, não é possível. Eu nunca nunca nunca li um livro que seja como esse, simplesmente não existe outro livro que eu tenha lido que eu possa dizer "Nossa, faz parzinho com aquele da Paula Gomes". Não tem. No contexto do livro, as pessoas mais ou menos sabem como/quando vão morrer, existe um sistema que simplesmente te informa. A protagonista sabe que em breve vai morrer com uma machadada na cabeça (!!!) e o livro mostra como essa informação molda toda a vida e os relacionamentos que Ceci mantém. Família, amigos, trabalho. Seria uma história trágica se não fosse uma comédia HILÁRIA. E não é só o conteúdo, mas o jeito que a história é escrita, o formato peculiar. Lembro que resolvi ler esse livro porque vi uma resenha dizendo que era uma mistura de Fleabag com Laurinha Lero. Não mentiu. Mas o que eu encontrei foi muito melhor do que a mistura disso com aquilo. "Ninguém morre sem ser anunciado" me causou aquele sentimento de novidade que raramente livros me causam.

De fato, não é um livro pra todo mundo. Já indiquei para pessoas que amaram, mas também teve gente que não conseguiu chegar ao final Meus pêsames, fracassadas kkkk. Então vá de coração aberto porque pode ser uma experiência literária incrível!

***

É isso, gente! Quem é de Skoob pode conferir a lista completa dos livros que li esse ano e aqui no site eu também mantenho uma lista com os últimos 12 livros que eu li e amei. Pra quem quiser mais indicações, tem os melhores de 2021 aqui.

Já conhecia algum dos livros da lista? O que você tem para me indicar para 2023 que vai me fazer feliz? Só responder essa newsletter como um e-mail comum.

Feliz ano novo, gente!

Até breve :)


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Eu sou introvertido.

Confesso que eu sempre soube, até porque não tinha outra opção. Eu ADORO ficar sozinho, e às vezes apenas um guindaste consegue me tirar de casa. Eu não "fico em casa", eu hiberno. Lugares com muita gente me cansam. Fico todo atrapalhado se preciso falar em público ou conhecer gente nova sem ter me preparado antes. Às vezes acho que virei escritor porque boa parte do meu trabalho é ficar conversando apenas com as vozes da minha cabeça.


Outro dia eu estava dizendo que foi uma grande surpresa eu descobrir que gosto de gravar tiktoks e reels, porque, né. Mas agora, pensando melhor, vejo que não tem nada mais introvertido do que ficar falando sozinho em casa, seja para uma câmera ou para as paredes. Não importa que eu estou aparecendo no celular de milhares de pessoas desconhecidas, que meus tweets vão a lugares que eu nem sabia que existiam, que meu livro chegue em cidades nas quais nunca pisei. Não estou vendo a cara de ninguém. Essas pessoas não estão aqui. Se estivessem, eu com certeza não escreveria nenhuma linha. Eu mando meu marido SUMIR quando quero gravar uma piada de humor duvidoso para o Tiktok.

Eu também pensaria que um ser humano com essa configuração teria dificuldade em interagir socialmente e cultivar amizades. Bom, ele tem mesmo. Eu tenho. Mas a questão é que, por ser introvertido, eu também penso demais e valorizo CADA PESSOA LEGAL QUE ENTRA NA MINHA VIDA. Justamente porque, pra começo de conversa, já foi dificílimo essa pessoa entrar.

Eu odeio perder pessoas.

Não estou falando de morte, embora seja mesmo horrível quando nossos amigos vão de arrasta pra cima, porque a morte na maioria das vezes é inevitável. Está além do nosso controle. Quando uma pessoa querida morre, o que nos consola é ficar grato pelo tempo que passamos juntos. A morte é compreensível. É, no mínimo, aceitável. A derrota para mim é quando perdemos pessoas que ainda estão vivas.

Vamos deixar para lá também as pessoas horríveis. As que pareciam amigas e deixaram de ser, as que nos magoaram de uma forma irreversível, essas precisam ir com Deus mesmo. A dor que eu sinto é quando pessoas que a gente gosta, pessoas comprovadamente legais, que fazem bem pra nossa saúde mental, nossa fauna e flora, pessoas que acima de tudo a gente sabe que GOSTAM DA GENTE, a dor é quando esse tipo de pessoa simplesmente some da nossa vida.

Assim, por qualquer motivo.

Usam muito a frase "A vida aconteceu". Por que vocês pararam de se falar? Não sei, a vida aconteceu. Ela foi indo mais para lá, eu fui vindo mais para cá. Um dia a gente se desencontrou de vez e estamos nisso. Nunca mais vi.

Você provavelmente sabe do que eu estou falando. Cadê aquela sua melhor amiga? E aquele cara que por um período da vida vocês conversavam horrores e trocavam confidências e agora você nem sabe direito se está vivo ou morto? E aquela pessoa que você conheceu, sei lá, na escola, na faculdade, que parecia ser da sua família e agora é só um @ no Instagram com o qual você nunca mais conversou além da troca de likes?


Não rolou uma briga, um desentendimento, não existe um ranço nem nada. Um dia você por acaso deixou para lá, no outro também, a pessoa também não veio atrás e ficou nisso. A vida aconteceu. Eu acabei de falar que a morte é inevitável e sei que amizades morrem, mas eu não aceito quando elas morrem assim.

Tenho pavor dessa vida que "acontece". Todo mundo tem uma vida, e uma característica dessas vidas é que de fato elas estão sempre acontecendo. Eu enquanto pessoa que pensa demais não consigo deixar meus amigos nas mãos disso. VOU PERDER UMA PESSOA MARAVILHOSA POR NADA??? Eu entendo desinteresse, entendo que as pessoas mudam, a descoberta de que na verdade vocês nunca foram tão compatíveis assim, mas existem pessoas incríveis que simplesmente saíram da nossa vida e a gente mal percebeu. Porque esquecemos de cultivar a amizade. Não por maldade, por descuido mesmo. Ou por ser impossível regar tantas amizades ao mesmo tempo, por algumas pessoas serem naturalmente mais presentes que outras ou por uns exigirem mais atenção.

O agravante de ser introvertido é que é muito fácil deixar as pessoas para lá.

Eu não tenho energia para ficar em contato o tempo todo. Eu não faço visitas com frequência, também não sou muito de chamar pessoas para minha casa. A verdade é que eu gosto de sair, mas quando estou em casa parece que esqueço disso. Eu adoro a minha própria companhia. É muito difícil eu sentir saudades de alguém. Aí é que mora o perigo. Quando eu pisco, passou 6 meses e esqueci o rosto de alguma amiga querida.

Alguns acham exagero da minha parte, mas óbvio que fiz uma lista. De amigos. De pessoas que eu gosto. Tem uns anos já. Todo mês eu vou lá e sorteio gente legal que não vejo há meses quando quero sair e ver o mundo. Pronto, tá todo mundo vivo, bonito e feliz comigo. Vamos para os próximos. O efeito colateral é que eu custo a perder gente. Demoro um ano para rodar a lista toda.

Meu marido fica apavorado com meus métodos robóticos de cultivar minhas amizades, mas nunca me apresentaram um jeito melhor. Arthur fica "Pra que isso??? É só marcar quando tiver vontade!". E quando eu tenho vontade, gente? Minha vontade é transformar minha casa num santuário e, quando a hora chegar, num jazigo.


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