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Eu tenho um problema seríssimo com listas de Melhores do Ano: quando exatamente essa lista foi feita? Bate outubro e já tem gente listando os seus favoritos, entregando troféu e tudo. Amiga, se acalme, o ano não acabou, mesmo que o nosso corpo clame por isso. Eu não consigo, sabe? Sempre fico com a sensação, com a pontinha de esperança, sei lá, de que nos últimos dias de dezembro eu vou ler um livro inesquecível ou escrito por uma pessoa maravilhosa que vai fazer parte das minhas leituras para sempre, e por conta disso seria uma GRANDE INJUSTIÇA montar uma lista de melhores sem essa obra-prima. Eu de fato comecei a ler um livro HILÁRIO em dezembro de 2021, mas terminei? Não terminei. Fica aí pra lista de 2022. O ponto é que minha lista nunca sai no ano do qual ela pertence, e é por isso que estamos aqui em janeiro ainda falando de um ano que quase todo mundo quer esquecer.

Poxa, gente, mas livro é livro, né? O que de bom eu li ano passado pode ser sua luz e seu conforto esse ano se você sabe que nossos gostos combinam.


Em 2021, segundo o Skoob, eu li 38 histórias. Digo histórias, porque aí no meio vão contos, novelas e romances. Aqui na minha lista, não fiz distinção. História boa é história boa. Outra coisa é que eu me considero uma pessoa muito exigente no que diz respeito a livros, então essa aqui não é a lista das histórias que eu li e gostei, é de fato a lista das que eu considerei as melhores das melhores. Eu poderia citar vários outros livros bons que li esse ano, mas esse texto ficaria três vezes maior.

Dito isso, em nenhuma ordem específica, VAMOS AOS MELHORES DO ANO!

(Ah! Todos os links pra Amazon nesse texto são do programa de afiliados, o que significa que eu ganho comissão se vocês comprarem qualquer coisa através deles)

Os sete maridos de Evelyn Hugo (Taylor Jenkins Reid)

Eu sei, eu sei, indicação de pessoa BÁSICA. Apenas um dos livros mais vendidos do BRASIL. Eu sou uma pessoa lerda em diversos sentidos e não seria diferente na leitura: quase nenhum livro dessa lista foi lançado em 2021. Tudo é dos últimos cinco anos. Bom, azar do Felipe de 2019 que não leu "Os sete maridos de Evelyn Hugo" da Taylor Jenkins Reid quando estava no hype porque o Felipe de 2021 aproveitou horrores. É divertido, é bem escrito, é cativante! O lance desse livro é que ele tem diversas frentes e é muito difícil resumir a história dele numa sinopse só. A parte que mais me tocou na história (a relação da Evelyn com o Harry) e fez eu dar minha alma todinha pra Taylor Jenkins nunca nem me disseram que existia no livro, então assim... É um drama. Tem romance, tem bastidores de Hollywood, tem pessoas não hétero sendo muito bem representadas no papel, sirva-se à vontade. Valeu demais o hype que teve.


Não preciso mentir: peguei "Sangue & Circuito" do Marco Barbieri para ler exclusivamente pelo homem gostoso na capa. Eu estava na vibe "vamos descobrir o que os gays adultos escrevem" e, gente, se eu cheguei pela safadeza, foi o suspense e a tensão constantes que me fizeram ficar. As cenas de sexo são de fato gostosíssimas, MAS TÁ BOM, MINHA FILHA, ME FALE DOS ROBÔS!!! Eu precisava saber das inteligências artificiais, quem estava por trás das tretas, quais os motivos, como os protagonistas iam conseguir sair vivos disso tudo. O livro levanta questões sobre a vida humana que eu fiquei refletindo, é simplesmente tudo de bom. Assim... Definitivamente não é o livro pra você que está procurando apenas um romance erótico rapidinho para se entreter, pois "Sangue & Circuito" é uma ficção científica com pitadas de erotismo que vai dar um nó na sua cabeça e tem mais de 500 páginas. O livro infelizmente não está mais disponível em lugar nenhum no momento, mas tenho fé que em breve volta pra Amazon. O livro agora está disponível no site/aplicativo Buenovela!


Encontrar "Mensagens para ler no escuro" da Beatriz Montenegro na Amazon foi como achar um TESOURO no meio da lama porque, Jesus Cristo, tem muito livro erótico ruim. Por "ruim" eu quero dizer porcamente escrito, de um jeito que não deveria estar nem ali, livros que não fazem jus ao gênero. Então chega uma hora que a gente cansa de procurar. Mas então vem esse livro que na verdade são 3 contos perfeitinhos com romances eróticos entre meninos. As três histórias equilibram muito bem as cenas fofas com a pegação, e de um conto para o outro o nível de hot vai aumentando. Achei as cenas explícitas muito bem narradas e sensuais, não teve nada daquele cafona que geralmente me faz rir em livros do gênero. Recomendo demais.

O "F5" do João Luiz é o famoso "o ruim é que acaba". Foram as 18 páginas mais bem aproveitadas que eu já li. Sim, é um conto. E aqui dá pra sentir quando a pessoa escreve um conto sabendo que está escrevendo um conto, querendo escrever um conto. F5 aprofunda os personagens de um jeito que muito romance de 300 páginas não consegue fazer. A gente fica "Meu deus, eu preciso saber mais desses dois". É um drama, é um romance, tem a tensão que dura o conto inteiro da gente querendo descobrir se eles vão passar ou não no vestibular e o que isso vai significar para o futuro dos dois. A gente lê querendo economizar cada palavra, mas é impossível. Eu adorei esse conto. Graças a Deus, já tiveram a decência de publicar o João Luiz e um romance dele saiu pela editora Caligari em 2021! Com certeza lerei, vamos torcer para que em 2022. 

***

Uma orientação que sempre dão quando vamos começar a planejar nosso livro (como vai ser a capa, quanto vai custar, o que vamos escrever na sinopse etc) é montar uma lista de livros já publicados que achamos similares ao nosso. Chamam de COMP LIST (Lista de comparação). Isso porque essa lista vai nos ajudar a entender as tendências do mercado e agregá-las (ou rejeitá-las) ao nosso livro. Realmente ajuda bastante. Daí que quando fui montar a comp list para Gay de Família... entrei em pânico. Ficou vazia. Fazia tempo que eu não lia outro livro com as mesmas características que o meu. Comédia adulta LGBT+ que não gira em torno de um romance, no caso. Tive que ir afrouxando os critérios e fui lembrando de alguns títulos. Confesso que até hoje tenho dificuldade de encontrar pessoas nas quais me espelhar, do tipo essa pessoa escreve exatamente pro mesmo nicho que eu, mas fiquei muito feliz de encontrar Renato Ritto e Lucas de Almeida no meio da caminhada.


Gente, por favor, LEIAM BRILHANTE. Eu acho que para todos os livros dessa lista eu tenho um porém do tipo "Eu amei, MAS se você não gosta de tal coisa talvez não vá gostar". MAS ESSA DAQUI é a história universal. É um conto de 46 páginas muito rapidinho. Uma comédia romântica realmente engraçada em que um funcionário envia acidentalmente para o chefe um e-mail muito do desaforado. Eu literalmente URREI com esse e-mail. Acredite em mim, você merece esse urro na sua vida.

"De férias com meu ex", novela do Lucas de Almeida, de tudo que eu li esse ano foi o que mais se aproximou do que eu escrevi em Gay de Família. É uma comédia RAIZ, sabe? Não é sutil. É uma piada por linha, são cenas constrangedoras, personagens caricatos, situações absurdas, ai, gente, tudo que eu amo. Mas, aquilo, não se enganem. Por baixo de quase toda comédia, vem ele, o DRAMA. É uma história adulta, e o dilema chega a ser dolorido. Estamos lá rindo, mas chega uma hora que a gente fica eita. Então prepare-se!

***

Aqui eu preciso roubar um pouco porque meio que não quero indicar só histórias, mas quero indicar pessoas. Entendam como o meu troféu PESSOAS DO ANO.


Quem me conhece sabe o quanto eu sou resistente a dramas, minha apatia com poesias e com histórias dentro de histórias, daí vem a Marina Feijóo com o livro "O centro de todo o caos" que tem tudo isso e... me conquista. Mas meu problema com dramas, na verdade, só existe com os dramas ruins. Quando eu vejo um autor/editora anunciando livro com "NESSE AQUI VOCÊS VÃO CHORAR" já sei que o livro é forçadíssimo ou arrastado toda vida. Fico pra morrer. O livro da Marina é um drama de uma perspectiva tão realista que eu fui lendo sentindo que poderia estar acontecendo com qualquer amiga minha. A protagonista é depressiva, sim, mas nada no livro é uma grande tragédia, apenas a vida como ela é. Tem drama, tem alívio cômico, tem foco em amizade, não gira em torno de romance (mas tem romance também!), a protagonista é lésbica, achei muito responsável ao falar sobre saúde mental e é ágil feito uma flecha.


Troféu PESSOA DO ANO pra Marina porque adorei conhecer o trabalho dela em 2021 e ver florescer, já que, além desse livro, outros dois trabalhos dela também foram publicados. Marina Feijóo é uma escritora à la carte: "O pior pesadelo de um homem" e "Essa festa virou um slasher" são contos de fantasia e terror, respectivamente, ambos já na minha lista de leituras futuras.


Gente, não é de hoje que ouço o nome de Stefano Volp na boca do povo e com meu clube do livro já apoiei alguns dos projetos literários incríveis que ele organiza no Catarse, mas foi só em 2021 que eu de fato li as palavras que ele próprio escreve. Stefano Volp é fenomenal. "Homens pretos (não) choram" é uma coletânea de contos que eu com tranquilidade consigo ver nas mãos de todo mundo, seja você um homem negro ou não. Se você tem um pai, um marido, um irmão, um filho, um homem qualquer que seja importante na sua vida, talvez esse livro seja muito interessante para essa relação. Os contos são dramáticos, divertidos e inventivos. Foi um livro que me valeu cada linha, mas eu nunca nunca nunca nunca nunca vou me esquecer dos contos PIO e BARBA. Volp, entre em minha casa e faça a barba de toda a minha família! A coletânea ainda está disponível na Amazon, mas já vai ser relançada pela Harper Collins NESSA SEMANA, então vale a pena esperar pela nova edição física! O livro já ganhou uma nova edição lindíssima pela Harper Collins, com contos inéditos e capa dura. Tudo de bom!

Nova edição

Edição antiga

Troféu PESSOA DO ANO porque, gente, Stefano Volp não para! O homem é dono de uma editora, clube do livro, sai em coletânea, lança e-book, lança livro, escreve roteiro pra série da Netflix, escreve coluna pra jornal!!! Graças a Deus. Merece mesmo todo sucesso do mundo. O Volp é uma pessoa que vale a pena ser seguida no Twitter e/ou no Instagram porque TODA SEMANA tem uma novidade pra deixar a gente feliz.


Fico até meio sem graça de falar isso, mas... Como vou explicar... 

Nesse esquema de avaliar com estrelas as minhas leituras, eu dou 3 estrelas para todos os livros que eu gosto, 4 estrelas para os meus favoritos, mas 5 estrelas apenas para DEUS. Em 2021, a única história que levou as minhas 5 estrelas foi o conto "Escrito em algum lugar" do Vitor Martins. Sim, Vitor Martins é Deus. E isso eu sei desde o primeiro livro que li dele, lá em 2017. 

É sério, gente, outra coisa que digo com tranquilidade, sem nenhum exagero: hoje na ficção adolescente nacional não existe NINGUÉM que eu tenha lido que escreva tão bem quanto Vitor Martins. Se lendo as histórias do Renato Ritto e do Lucas de Almeida eu senti que finalmente podia pertencer a algum lugar, lendo o conto do Vitor eu fiquei "Caramba, eu tenho tanto a aprender...". O conto é uma aula. É genial. E aqui eu não falo exatamente só do conteúdo, sabe? Porque ideias e sentimentos todo mundo tem, eu tenho, você também, etc, mas a sabedoria em escolher as palavras certas na ordem certa só um bom escritor. A escrita do Vitor Martins traz uma qualidade que se destaca muito, de um jeito que eu me sinto compelido a querer ler qualquer coisa que ele vier a escrever, seja ficção adolescente, adulta, não-ficção, receita de bolo, resenha de filme, manual de instrução, tudo MESMO. Um exemplo prático do conto "Escrito em algum lugar" é que no meio da história aparece uma thread do Twitter, simplesmente um momento hilário, por conseguir representar tão bem o espírito da rede social. Um escritor menos experiente jamais conseguiria obter o mesmo efeito, ficaria sem graça e forçado. Eu mesmo nem chegaria a tentar. Mas Vitor foi lá e fez.


Troféu PESSOA DO ANO também, pelos prêmios internacionais chiquérrimos que ele ganhou e também pelo livro novo que lançou aqui no Brasil, "Se a casa 8 falasse". Ainda não li esse último, mas eu tenho esse combinado comigo mesmo de sempre ter um Vitor Martins no mundo me esperando para ser lido, é uma sensação muito boa saber que tenho para onde voltar quando eu quiser.

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PLOT TWIST! Apesar de toda a rasgação de seda acima, eu tenho um livro do ano e não é nenhum desses que citei até agora.


Eu nunca em toda minha vida li um livro parecido com "A palavra que resta" do Stênio Gardel. Não é um livro que todo mundo vai amar, vai ter gente que vai odiar, vai ter gente que literalmente não vai saber ler. A história do livro é uma coisa, o jeito que o autor decidiu contá-la é outra coisa. Se você se der bem com as duas, como eu me dei, esse livro será um primor para você. Gente, QUE EXPERIÊNCIA, sabe? Eu fico sempre chocado com esses livros curtinhos (152 páginas esse aqui) que com tão pouco conseguem fazer tanto. É a história de um senhor que recebeu uma carta do amor da vida dele quando eram jovens, mas ele não sabia ler na época. Agora, já velho, ele decide aprender a ler só para saber o que há escrito na carta. Mas a história é dolorida toda vida, porque é sobre ser LGBT no interior do interior e meu Deus... É tão belamente escrito e ao mesmo tempo tão horrível! A pontuação faltando, as frases truncadas, o fluxo de pensamento pesadíssimo. No começo, a gente realmente se perde até se acostumar com a narração do protagonista, mas, pelo menos para mim, a coisa passa a funcionar maravilhosamente bem. Os personagens ficam marcados na memória pra sempre. Coitado do Stênio Gardel que vai ter que escrever um livro depois desse.

É meu livro do ano SIM, é uma grande contradição SIM pois eu indico com várias ressalvas, mas fico na torcida para que você se interesse e tenha uma experiência tão boa quanto a minha. Cadê o Jabuti e o Nobel da Literatura pra esse homem, gente?


***

É isso! Espero que vocês tenham curtido a lista! Se já leu algum desses, me deixa saber sua opinião? Se não conhecia, algum chamou sua atenção? Algum livro ou nome pra indicar para 2022 agora conhecendo mais ou menos o que gostei de ler no ano anterior?

Boas leituras pra gente!


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Oi, pessoas!

Temos mais uma vídeo-resenha do meu livro, Gay de Família! Dessa vez é no canal "Livros & Pão" da Dora Lutz. Eu que demorei para vir aqui comentar, mas foi uma resenha natalina, e a Dora disse que Gay de Família é como uma rabanada: doce e deixa um quentinho no coração.

O vídeo tem mais de 11 minutos, e eu amei cada segundo!


Dora, muito obrigado por isso!


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