Leia mais Read more
Fonte: Freepik

Não é de hoje que atitudes racistas pipocam aqui e ali pela comunidade literária. Autores que nunca escrevem personagens negros em seus livros, leitores que não leem livros escritos por pessoas pretas, editoras que selecionam majoritariamente influenciadores brancos em suas parcerias e publis, e por aí vai. A lista é imensa, e o tamanho dela deveria por si só ser revoltante. 

Mas nós, pessoas brancas em geral, mesmo nós que gostamos de nos enxergar como aliados antirracistas, aparentemente convivemos muito bem com o racismo. As situações acontecem e ficamos em silêncio, continuamos a viver normalmente como se nada tivesse acontecido, como se fosse normal uma marca convidar apenas influenciadores brancos para um evento ou uma editora anunciar os lançamentos do ano com nenhum livro publicado por pessoa negra na lista.

Não ser racista é diferente de ser antirracista. Não ser racista é o mínimo que uma pessoa decente deve ser, mas não é o suficiente para que o racismo presente em todos os espaços enfraqueça. Assim como todas as áreas da sociedade, a comunidade literária também cresceu em cima do racismo e, por isso, situações em que pessoas negras são excluídas são vistas como comuns. Gosto de acreditar que vamos reagir em casos de racismo explícito e violento (será?), mas ser antirracista é combater o racismo todos os dias, em todas as suas formas.

Antirracismo é ação.

E por conta disso listei abaixo ações antirracistas que todos nós podemos ter para fazer da comunidade literária um lugar melhor, mais diverso e mais criativo. Separei em categorias que dependem do seu papel no mercado, mas certo de que qualquer pessoa pode contribuir com as ações.

(A lista obviamente sempre pode aumentar. Se você tiver ideias de ações que podem entrar na lista, me avise!)


PARA TODOS

1. Ler mais livros escritos por pessoas negras

2. Indicar livros escritos por pessoas negras para amigos e conhecidos

3. Divulgar livros escritos por pessoas negras nas redes sociais

4. Cobrar escritores brancos que só escrevem livros com pessoas brancas

5. Seguir/engajar escritores negros nas redes sociais

6. Apoiar financeiramente escritores negros a publicarem seus livros

7. Apoiar financeiramente influenciadores negros a criarem conteúdo

8. Cobrar influenciadores brancos que só leem/divulgam livros escritos por pessoas brancas

9. Seguir/engajar influenciadores negros nas redes sociais

10. Cobrar editoras que só fazem publi com influenciadores brancos

11. Cobrar editoras que anunciam lançamentos onde a maioria esmagadora dos livros são escritos por pessoas brancas

12. Cobrar editotas que selecionam para parceria majoritariamente influenciadores brancos

13. Cobrar agências literárias cujo elenco de autores é majoritariamente branco

.14 Cobrar marcas em geral que só fazem publi com influenciadores brancos

15. Cobrar eventos literários que só chamam escritores/influenciadores brancos


PARA ESCRITORES

16. Escrever livros com personagens negros

17. Contratar mais profissionais do livro negros para trabalharem no seu livro

18. Contratar mais influenciadores negros para divulgar seu livro

19. Indicar escritores negros para seus editores

20. Indicar escritores negros para sua agência literária

21. Ao ser convidado para participar de uma coletânea/antologia/projeto, questionar o fato de só escritores brancos estarem envolvidos

22. Ao ser convidado para um evento literário, questionar o fato de só existirem convidados brancos


PARA INFLUENCIADORES

23. Engajar seus seguidores para lerem mais livros escritos por pessoas negras

24. Indicar autores negros independentes para agências literárias e editoras

25. Ao ser convidado para participar de uma publi/projeto de editora ou marcas, questionar o fato de só pessoas brancas estarem envolvidas

26. Ao ser convidado para um evento literário, questionar o fato de só existirem convidados brancos

27. Fazer collabs com escritores/influenciadores negros


PARA EDITORAS

28. Publicar mais livros escritos por pessoas negras

29. Promover ações para alcançar mais leitores negros

30. Promover ações para dar visibilidade a autores negros

31. Contratar mais influenciadores negros para publis/projetos

32. Convidar/enviar mais escritores negros para eventos literários

33. Priorizar escritores, influenciadores e agências literárias com postura antirracista

34. Cobrar a curadoria de eventos literários no qual a editora terá estande de convidar autores/influenciadores negros

35. Questionar quando o livro de um autor da casa só tem pessoas brancas (quando isso não faz sentido no contexto)

36. Contratar mais pessoas negras para trabalhar em seus departamentos

37. Selecionar mais influenciadores negros como parceiros


PARA AGÊNCIAS LITERÁRIAS

38. Agenciar mais autores negros

39. Questionar quando o livro dos agenciados só tem pessoas brancas (quando isso não faz sentido no contexto)

40. Contratar mais pessoas negras para trabalhar em seus departamentos


PARA MARCAS EM GERAL

41. Contratar mais influenciadores negros para publis/projetos

42. Contratar mais pessoas negras para trabalhar em seus departamentos


Por enquanto, é isso. Entendo que algumas pessoas terão mais dificuldade do que outras para se desdobrar em tantas ações, mas, um conselho, comece devagar. Escolha pelo menos uma ou duas ações para começar e vá acrescentando novas conforme o passar do tempo. Antirracismo também é prática.

Vamos lá?


Os Dioguinhos é minha nova newsletter! Terça sim, terça não, envio para a sua caixa de entrada um microconto inédito no universo de Gay de família com cenas constrangedoras, laçração de criança e muita fofura. Quer passar a receber? Assine Os Dioguinhos.


Ler Comentários

Uma subcelebridade que virou coach no Instagram conta a história sobre Sílvio Santos ter ficado milionário começando apenas com um único lápis, então Diego desafia as crianças a se tornarem milionárias também, entregando uma canetinha colorida a cada uma.

Gabriel rabisca a parede com a canetinha preta.

Miguel rabisca Gabriel e depois o próprio rosto com a canetinha vermelha.

Ester faz uma sucessão de trocas. A canetinha rosa pelas canetinhas dos irmãos. Duas canetinhas por uma lata de refrigerante. O refrigerante por um skate sem rodas. O skate por uma churrasqueira portátil sem grelha. A churrasqueira por um ventilador de alta potência que só gira para a esquerda. O ventilador por um quadro de arte abstrata que todo mundo acha que é um pêssego, mas é a bunda de um homem gay. O quadro por uma geladeira frost free. A geladeira por um jantar num restaurante japonês famoso para sete pessoas. O jantar por uma viagem com tudo pago para Fernando de Noronha. A viagem por um investimento financeiro de alto risco que acaba falindo e rende apenas o valor de uma canetinha.

Diego pendura na sala um quadro de arte abstrata que parece a bunda de um homem gay, mas deve ser um pêssego, enquanto leva as crianças para beberem água gelada no vizinho.



Os Dioguinhos é minha nova newsletter! Terça sim, terça não, envio para a sua caixa de entrada um microconto inédito no universo de Gay de família com cenas constrangedoras, laçração de criança e muita fofura. Quer passar a receber? Assine Os Dioguinhos.


Ler Comentários

Gabriel acorda Diego à meia-noite para avisar que há um monstro no guarda-roupa.

— Tá repreendido, garoto. Isso de monstro não existe, mas dorme aqui comigo então.
— Mas ele quer falar com você.
— Comigo?
— Ele pediu pra falar com quem manda na casa, mas a Suzie tá dormindo.
— Eu também estava dormindo.
— Mas você não vai arranhar minha cara por te acordar no meio da noite, vai?
— Estou considerando agora que você me dedurou para um monstro.
— Pode ir lá falar com ele, tio?
— O que um monstro pode querer comigo, Gabriel?
— Te prender no guarda-roupa pra sempre, te devorar ou ser seu melhor amigo.
— Eu posso escolher?
— Não.
— Aff. Vou lá só pra te provar que isso é tudo coisa da sua imaginação.
— Obrigado, tio! Vou ficar aqui de longe torcendo por você.
— Medroso.
— Não volta correndo pra cá se tudo der errado, tá? Eu vou trancar a porta. Mas vai dar tudo certo.



Os Dioguinhos é minha nova newsletter! Terça sim, terça não, envio para a sua caixa de entrada um microconto inédito no universo de Gay de família com cenas constrangedoras, laçração de criança e muita fofura. Quer passar a receber? Assine Os Dioguinhos.


Ler Comentários