Ilustração colorida de um homem jovem de pele negra (Diego), cabelo preto e cacheado, expressão serena e sorriso discreto. Ele carrega nos ombros um menino também negro de cabelo crespo (Miguel). A criança, animada, usa asas de fada cor-de-rosa, uma coroa amarela e ergue os braços com entusiasmo. O fundo amarelo vibrante reforça o clima alegre e afetuoso da cena.

Diego e Miguel conversam na varanda do apartamento:

— Tio, é verdade que o Papa morreu?
— Virou estrelinha ontem.
— Então agora nunca mais vai ter Papa?
— Nada, menino, vão escolher outro e fica tudo igual.
— É igual cachorro, que quando morre um a gente arruma outro?
— Sua sorte é que criança é café com leite pra Deus, essa blasfêmia não conta ainda. E achar um novo Papa demora bem mais do que um bicho de estimação.
— Quem você quer que seja nosso novo tio quando você morrer? Se for alguém que a gente conhece, a gente manda buscar assim que você for pro caixão. Bem rapidinho pra gente não ficar sozinho.
— Até parece que vocês vão achar um tio tão incrível quanto eu.
— Quem vai querer outro tio é a Ester. Pra mim e pro Gabriel tudo bem se for um cachorro.